A XIX Semana de História Política, organizada pelos discentes do Programa de Pós-Graduação em História Política da UERJ, define como proposta, na edição do ano de 2025, o tema “Nas tramas digitais: a Inteligência Artificial e o conhecimento histórico em debate”. Neste ano, o evento ocorrerá entre os dias 20 e 24 de outubro, visando fomentar um espaço de discussão sobre as interfaces do uso da Inteligência Artificial nos estudos históricos. Trata-se em debater os limites, os desafios e as implicações éticas desse campo da ciência que atravessa, cada vez mais, a vida cotidiana.
Há dois anos da histórica greve dos atores e roteiristas de Hollywood – que tinha entre suas principais pautas a regulamentação do uso de IA em produções audiovisuais –, o debate sobre a atuação da inteligência artificial no campo das artes tornou-se quase inescapável. No início de 2025, as redes sociais estão repletas de recomendações de ferramentas que permitem, entre tantas possibilidades, que
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estudantes aprimorem seu desempenho acadêmico. A exemplo disso, bilionários da indústria tecnológica, como Bill Gates, já discutem a possibilidade de aulas particulares ministradas por IA.
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Não obstante, os diversos campos de produção do conhecimento observam essas novas ferramentas com atenção e receio. Diante do conceito de atualização, entendido enquanto “[...] substantivo deslocamento nas formas modernas de significar o tempo histórico” (ARAUJO; PEREIRA, 2018, p. 19), a XIX edição da Semana de História Política possui o intuito de instigar a discussão quanto aos impactos das IAs e da tecnologia digital na pesquisa, na escrita e no ensino de história.
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​O suporte digital se constitui como um desafio sem precedentes, impactando a nossa prática historiográfica e exigindo uma reflexão crítica dos desafios epistemológicos gerados pelas novas tecnologias. Esta provocação se mostra ainda mais necessária em um cenário em que o progresso tecnológico é posto muitas vezes a serviço da produção de Fake News e de novas formas de exploração do trabalho e do trabalhador. Nesse sentido, esperamos que o evento instigue de forma dialética análises e questionamentos sobre a tensão entre as possibilidades abertas pelas novas tecnologias e as exigências interpretativas da historiografia.